ATA DA TERCEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 11.04.1989.
Aos onze dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Terceira Sessão Extraordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quinze horas e cinqüenta e cinco minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Flávio Koutzii, Giovani Gregol, Heriberto Back, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e Nereu D’Ávila. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciado o período de PAUTA. Em Discussão Preliminar, estiveram, em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 12/89, discutido pelos Vereadores Clóvis Brum, José Valdir e João Motta; o Projeto de Resolução nº 04/89. Ainda, o Sr. Presidente informou que o Ver. Wilton Araújo fica designado relator da reunião conjunta de Comissões da Casa acerca do Projeto de Lei do Executivo nº 12/89. Durante a Sessão, os trabalhos estiveram suspensos por quatro minutos, nos termos do art. 84, I do Regime Interno. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezesseis horas e trinta e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para Sessão Extraordinária a ser realizada dentro de quarenta e cinco minutos. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, passamos à
2ª SESSÃO
PROC.
N° 1044/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 012/89, que fixa os vencimentos dos funcionários
da Administração Centralizada do Município e dá outras providências.
PROC.
N° 1080/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 004/89, de autoria da Mesa, que reajusta os vencimentos dos
funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
realmente, nada melhor do que um dia após o outro. Que movimentações
maravilhosas eram feitas sob a liderança incontestável da então Associação e
depois Sindicato dos Funcionários Públicos de Porto Alegre na busca das suas
mais legítimas reposições salariais. E não se pode negar, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores que, em momento algum, esta Casa deixou de estender a mão
reconhecendo a legitimidade da luta que os trabalhadores da Prefeitura faziam
em torno dos seus reajustes salariais. Tanto é verdade que esta Casa aprovou
uma Lei estabelecendo reajuste bimestral, e mais do que isto, de acordo com os
índices oficiais de inflação.
Ontem
eu senti, na Senhora Presidenta do Sindicato dos Funcionários Municipais, um
constrangimento marcante. Eu senti que ela estava constrangida ao ter que,
cabisbaixa, afirmar que concordava com o índice de 40,36% e dizia mais, que ela
concordava com índices de 40,36% parcelados, apresentando no bojo do Projeto
aquela diferença entre níveis de funcionários. E mais do que isto: com a
promessa de que em agosto seria discutido o saldo dos quase 36%.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ela disse, a Presidenta do Sindicato, que não aceitava o item 4 da
proposta, pois exigia os 76%. Todos os servidores municipários queriam isso.
O SR. CLÓVIS BRUM: Falta complementar algum dado. Não
aceitava o limite de que o orçamento até 80% cobriria. Era este o detalhe, mas
aceitaram o parcelamento, aceitaram o reajuste miserável de 25%, aceitaram
aquela desigualdade entre os níveis das categorias, os padrões.
Ora,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, seguir-se-ão, nesta tribuna, dois eminentes
representantes do Partido dos Trabalhadores que terão o compromisso moral de
informar ao Plenário por que estão amorcegando, matando, sufocando as
conquistas dos trabalhadores e fundamentalmente a liderança dos trabalhadores.
(Vaias.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Clóvis Brum, vou pedir a gentileza
aos nossos visitantes que não podem se manifestar. Por favor. Nem com aplausos.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vejo que
a militante do PT que veio nesta Casa buscar o reajuste salarial bimestral, de
acordo com a correção, com a inflação oficial, agora prefere 25% e não 76%,
nesta tarde só tinha um Projeto a ser votado, só um, não tinha outro. Era o
reajuste de 76%, pacificamente. Este era o Projeto que decorreria da Lei
aprovada por esta Casa e que não foi feito para os Vereadores, foi feito
exatamente para atender uma postulação dos funcionários municipais.
Pois,
muito bem. Solicitei ao Sr. Presidente, ontem, que anexasse ao Processo do
reajuste salarial as declarações, cópias das declarações do Sindicato dos
Funcionários Municipais. Eu no decorrer do debate da matéria vou fazer leitura
para que os Anais da Casa justifiquem e registrem a posição do Sindicato
trazida à presença do Colégio de Líderes desta Casa e da Mesa Diretora em
reunião realizada ontem.
Vou
dizer mais, pretendo votar, não sou contrário à militância do PT, recebi a vaia
de maneira açodada, pois vou votar com os Senhores do PT, vou votar com o
Sindicato dos Trabalhadores, ele me pediu para votar e eu vou votar. O
Sindicato que representa os funcionários da Prefeitura de Porto Alegre me pediu
para votar na miséria de 25% e eu vou votar nos 25%. Só que não recebi palmas.
Quer dizer o Sindicato, a liderança, quem tinha a obrigação de estar aqui
brigando por reajuste salarial, por salário mais justo e mais digno é o que
pede para votar nada menos de que 50% a menos do que a inflação. A inflação é
76%, pois o Sindicato está me pedindo, a documentação está no Processo, para
que eu vote numa proposta que reduz a reposição salarial em 50%, era 76%, o
Sindicato está a pedir que vote 25%. Vou acompanhar a categoria profissional,
senão até podem fazer greve, porque a gente quer dar mais um pouco.
Meu
querido amigo Ver. João Dib, nós tivemos o trabalho de rascunhar uma Emenda que
oficializava o reajuste de 76% e o pagamento responsabilizava o Poder Executivo
a pagar em três parcelas bimestrais a partir de julho a diferença que
corresponderia a diferença de 76 para 40%. Mas não vou subscrever a Emenda,
mandei datilografar, mas vou mandar ao Ver. Dib para subscrever a Emenda. Eu
voto com o Sindicato, com a representação da categoria dos funcionários. Não
estou aí para o Sindicato chegar e dizer, depois, em meio dos funcionários
“Olha aí, o Ver. Clóvis Brum, os Vereadores do PDT, do PDS, do PFL, do PMDB,
eles querem é quebrar o caixa do Olívio, querem inviabilizar a candidatura do
Lula, eles querem é fazer bagunça no meio da categoria, querem empobrecer os
funcionários”.
Se
os funcionários, se a representação dos funcionários, se o Sindicato dos
Funcionários, órgão legítimo de representação da categoria querem os 25%, não
posso me atrever a oferecer uma proposta de 76%, não posso, é antiético. Quem
sabe das lutas dos funcionários, nada melhor que a professora Ana, esta
simpatia e dinamismo a toda prova, Presidenta do Sindicato, se ela veio numa
reunião de Líderes desta Casa dizer que não quer os 76%, quer os 25%, tenho que
votar com 25%. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
inicialmente, quero colocar o meu protesto pela forma irônica, pela forma
antidemocrática, como alguns Vereadores nesta Casa tratam o movimento sindical.
Porque, o movimento sindical reuniu em assembléia cerca de 1.500 trabalhadores,
numa assembléia amplamente divulgada, tira uma posição, depois de negociação
com o Poder Executivo, mas parece que isso não é entendido. Parece que a
democracia sindical ainda não conseguiu fazer entender alguns Vereadores desta
Casa.
Eu
quero deixar aqui o meu protesto e lamentar que os Vereadores ainda não
consigam entender como é que as coisas têm que ser tratadas, como se estabelece
a democracia dentro do movimento sindical.
Em
segundo lugar, quero registrar, aqui, a cara-de-pau de alguns Vereadores que
vêm aqui cobrar, usando a expressão do Ver. Omar Ferri: não têm legitimidade
para fazer essa cobrança da Frente Popular. Porque o próprio Vereador do PDT,
um deles que há pouco esteve aqui na tribuna, reconheceu que em 3 anos o
governo Collares foi incapaz de atender às reivindicações do funcionalismo. E
poderia, naquela época, muito bem vir algum Vereador do PDT fazer uma lei,
propor alguma emenda para que se aplicassem os índices oficiais de inflação.
Pois nem isso, em 3 anos de administração Collares, foi dado ao funcionalismo
público. E, hoje, com a maior cara-de-pau vêm aqui querendo cobrar da Frente
Popular, sabendo as condições em que largaram a Prefeitura de Porto Alegre.
Eu
pergunto aos Vereadores do PDT, que agora defendem o Plano de Carreira, como
todo mundo deve defender, embora nele existam distorções que têm que ser
corrigidas. Por que esse Plano de Carreira não foi apresentado, não foi
discutido com o funcionalismo no primeiro ano de gestão do Governo Collares, ou
no segundo ou no terceiro? Porque esse Plano de Carreira só veio a ser votado
aqui no final do ano? E o governo Collares não pagou um centavo do Plano de
Carreira, porque quem pagou o Plano de Carreira foi a Administração Popular?
Pergunto mais e pergunto ao Ver. Clóvis Brum, que usa com maestria esta
tribuna, porque o Governo do Estado não reconhece o índice de 76%? Não
reconhece nem o de 40% e a situação do Estado é infinitamente melhor do que a
da Prefeitura. Propõe 32%, passando por cima do acordo feito com os
professores. Por que não reconhece? E pergunto: as Prefeituras do PDT, a
Prefeitura do Rio de Janeiro, de Alencar Furtado, reconhece? a Prefeitura de
Canoas, a de Viamão, reconhece? Quero colocar outra coisa: o reconhecimento do
índice de 76% é um reconhecimento que me parece, até prova em contrário, a
única entidade empregadora que está fazendo, é a Prefeitura de Porto Alegre.
Vejam o seguinte: a FIESP, em São Paulo, quer dar 7%; as indústrias do Pólo
Petroquímico de Triunfo, 15% parcelados; não reconhece e por isso os
trabalhadores estão em greve. O Governo Federal propõe uma conciliação em torno
de 12%. Mas aí está a diferença, quando vêm aqui cobrar coerência do PT. A
coerência está, em primeiro lugar, admitir que nós não temos como pagar agora,
mas admitir, também, que o índice que os trabalhadores têm direito é o de 76%.
Coisa que ninguém está fazendo. Coisa que o PMDB não tem moral para vir a esta
tribuna, porque o seu governo não reconhece. Gostaria de colocar que nós
poderíamos ter feito com esse Plano de Carreira o mesmo que o Governador Pedro
Simon fez, logo que assumiu o Governo. Aliás, o mesmo que a Nova República fez
de sul a norte do País. Nós poderíamos ter entrado na Justiça pedindo a
inconstitucionalidade. Nós sabemos que esse Plano tem determinados furos
inconstitucionais, mas nós não fizemos. E um dos furos em que poderíamos
aplicar é o artigo 190 da Constituição, é a falta de dotação orçamentária, mas
não fizemos isto, porque esse não é o nosso caminho, mas sim o da Nova
República e do PMDB. O nosso caminho nunca foi o caminho de desmoralizar o
funcionalismo, como fez a Nova República, de Sul a Norte, colocando nos meios
de comunicação, dando a impressão que todo funcionalismo era vagabundo com
aquela história de “caça aos fantasmas”, usando a Rede Globo. Nós não fizemos
nada disso. A primeira coisa que fizemos foi chamar o funcionalismo, respeitar
sua entidade de classe, discutir com o funcionalismo, colocar a situação para o
funcionalismo. E este é o dodói de muita gente nesta Casa que não queria que
nós fizéssemos acordo com o funcionalismo. Eles queriam que nós fizéssemos como
os governos autoritários, que é ignorar o movimento, querendo desmerecer as
lideranças legitimamente constituídas pelo Movimento. Nós nunca fizemos isso.
Eu não venho aqui desmerecer as lideranças que foram escolhidas pelos
trabalhadores. Nós preferimos o caminho da negociação e é por isso que muitos aqui
estão com este dodói, porque não queriam o caminho da negociação. É preciso que
se deixe bem claro que esta é a diferença entre a Administração popular e as
administrações anteriores.
O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Obrigado pelo aparte. Efetivamente, o PMDB, o meu Partido, tem
tratado de uma forma não correta o funcionário público estadual e também o
federal. E, por isto, nós fizemos o vexame eleitoral que fizemos. Agora, os
problemas do PT são única e exclusivamente problemas do PT. O reajuste do
funcionário público municipal é problema do PT que, nesta área, vai muito mal.
E eu vou votar favorável à Emenda que concede o reajuste de 76% para ser
coerente com o PT.
O SR. JOSÉ VALDIR: Eu queria dizer o seguinte: V. Exª não
precisa ser coerente com o PT. V. Exª tem que ser coerente com o que a
assembléia dos Municipários aprovou. É com isto que tem que ser coerente, não é
com o PT.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exª diz que, até prova em contrário, a administração
autodenominada popular, reconhece 76,41%. Pois aqui está a prova em contrário,
Ver. José Valdir: o Projeto de Lei mandado pelo seu Prefeito, que diz que o
índice oficial de reajuste para o primeiro bimestre é 46,36%. Cara de pau é a
do governo de V. Exª.
O SR. JOSÉ VALDIR: Eu não vou responder, porque está bem
claro de quem é a cara-de-pau, que passaram três anos arrochando o
funcionalismo e vêm aqui agora querer dar um sufoco na Administração Popular.
Não vai levar, Vereador.
Eu
queria concluir dizendo o seguinte: que nós somos coerentes e que, se hoje a
Prefeitura reconhece os 76%, e não pode, no momento, concedê-los... (Apartes
paralelos.)
Sr.
Presidente, eu gostaria que o Ver. Vieira da Cunha se acalmasse, para eu poder
concluir.
O SR. PRESIDENTE: Vamos suspender os trabalhos por cinco
minutos.
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h20min.)
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga - às
16h23min): Estão
reabertos os trabalhos. Srs. Vereadores, nós vamos reiniciar os trabalhos e eu
gostaria de que os Srs. Vereadores ocupassem as suas tribunas e os nossos
ilustres visitantes, pelo menos por um minuto nos ouvissem. Nós suspendemos a
Sessão por uma vez, se nós chegarmos a suspender pela terceira vez, nós
levantamos os trabalhos no dia de hoje, então eu preciso da colaboração dos
Vereadores e também dos nossos visitantes.
Ver.
José Valdir, V. Exª tem meio minuto para concluir o seu pronunciamento.
O SR. JOSÉ VALDIR: Eu queria, à guisa de conclusão dizer que
há um compromisso da Administração com o índice de 76%, o que as negociações
chegaram é o que está neste Projeto enviado à Câmara, para a negociação do que
falta nós já temos o caminho aberto, o mesmo caminho que nos levou a chegar até
ao que está estabelecido neste Projeto. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
funcionários públicos municipais, Diretoria do Sindicato dos Municipários,
Senhores e Senhoras, gostaria, inicialmente, de fazer justiça embora, muitas
vezes, durante este processo de debates que se travou com o funcionalismo
público municipal e eu encontro o Vereador de Situação que de fato sempre,
sempre durante todos os debates a posição da Diretoria do Sindicato foi a favor
de 76,41%, e em nenhum momento nem pela imprensa, nem em reuniões inclusive as
reuniões que ocorreram ontem aqui nesta Casa para viabilizar a discussão e a
aprovação desse projeto foi ventilado ou foi colocado por algum diretor de
Sindicato que não teriam compromisso, ou que teria aberto mão dessa proposta,
ou desse compromisso por parte do Sindicato, de 76,41%. Portanto, qualquer
afirmação que não diga isso, que não reconheça isso, me parece que não se
justifica fazê-la nesse momento. Segundo lugar, gostaria para tranqüilizar,
sim, o Ver. Vieira da Cunha e todos os Vereadores do PDT que eu tenho em minhas
mãos uma outra emenda que não vou lê-la mas que está subscrita pelos Vereadores
Artur Zanella, Clóvis Brum, Flávio Koutzii, Luiz Braz e também pela Liderança
do PSB, Omar Ferri, assim como também, pela Ana Lúcia D’Angelo, Presidenta do
Sindicato, através da qual se prevê o adendo portanto, através dessa Emenda ao
Projeto do reconhecimento do índice de 76,41%, calculado pelo IPC, que será
concedido como reajuste remuneratório aos funcionários municipais e,
oportunamente, pela Administração Pública Municipal. Segundo momento, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de esclarecer alguns aspectos de
intervenções em que nos brindaram mais uma vez, por parte da verdade e da
realidade, a primeira delas afirmada pelo Ver. Nereu D’Ávila que afirmou pela
segunda vez nessas últimas 24 horas, que os 100 dias de Administração Popular
foram 100 dias de decepção e mais uma vez, confunde o Ver. Nereu D’Ávila o seu
desejo com a realidade. Evidentemente que enfrentamos, hoje, seríssimos
problemas e dificuldades no sentido de equacionar a crise dos transportes, mas
por outro lado, nós sabemos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores que não foram 100
dias de erros e de decepções, mas sim, um processo de transição política,
responsável sim só por esses 100 dias, por garantir ao funcionalismo público de
Porto Alegre um reajuste aproximado, médio, em torno de 200% caso a gente
aprove, hoje, este Projeto de Lei enviado. Portanto, garantimos o cumprimento
do Plano de Carreira e estamos dispostos a garantir o Projeto do Executivo
enviado a esta Casa, com Emenda já referida por mim que também já está sendo
encaminhada à Mesa. Gostaria de fazer esta ressalva porque me parece que seria
uma injustiça, mais uma vez venho insistir e várias vezes divulgar este índice
que me parece que transparece e não nos deixa nenhuma dúvida em relação ao
arrocho salarial imposto pela administração Collares ao funcionalismo público
municipal de Porto Alegre durante o período de janeiro de 1986 e abril de 1988.
É a terceira vez, que eu me lembre, que eu digo este índice aqui, e os
Vereadores do PDT, particularmente não se convencem e reconhecem apenas
parcialmente esse arrocho. As variações de preços, a inflação naquele período
de janeiro de 1986 a abril de 1988 foi de 1.836%; o reajuste de salários
naquele período da Administração Collares, 783,9%. Naqueles 28 meses a perda do
poder de compra foi de 54%. Portanto, naquele momento, em maio de 1988 era
necessário um reajuste de 119%. A administração Collares concedeu apenas 30%.
Se constatou uma defasagem de 89%. Esse é um dado que deve oxigenar as nossas
memórias sob pena de nós fazermos tábua rasa e críticas infundadas, como fez
aqui, por exemplo, fez ontem, fez hoje novamente o Ver. Nereu D’Ávila avaliando
os 100 dias da Administração Popular. Nós não queremos nem o passado como era,
nem o presente como está, mas reconhecemos que esta transição nos coloca este
desafio, de viabilizar novas receitas, de solucionar, enfrentar a crise dos
transportes e de equacionar, hoje, esse problema sério que em parte apenas vai
ser resolvido com a aprovação deste Projeto na Câmara, que é a situação dos
salários do funcionalismo público municipal de Porto Alegre.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Só queria dizer a V. Exª que por causa deste arrocho que V. Exª
identifica aí que os Vereadores anteriores, dentre os quais eu me incluo, que
aprovaram o Plano de Carreira, que é exatamente para diminuir esse arrocho. Mas
eu queria falar sobre a minha Emenda, a minha Emenda quando fala em
oportunidade não quer dizer que seja daqui a 2, 3 ou 4 anos. É a posição do
Sindicato que diz e afirmou na reunião, que vai organizadamente buscar esses
recursos junto à Prefeitura Municipal. E como imagino que o Sindicato,
aguerrido como sempre, fará a mesma coisa que sempre fez, por isso que na minha
Emenda ficam a critério dos funcionários os meios de luta para conseguir isso
que é um direito deles.
O SR. JOÃO MOTTA: Concordo com V. Exª quando faz essa
afirmativa e, inclusive, para acrescer mais um dado, existe uma disposição da
Secretaria da Fazenda e de toda Administração de facultar que todas as
movimentações financeiras da atual administração sejam acompanhadas pelo
funcionalismo público municipal, através da sua entidade, do seu sindicato.
Portanto, todo esse processo de adequação das receitas, de entrada de novas
receitas, é facultado hoje ao funcionalismo, pois nós temos todo interesse que
o próprio funcionalismo fiscalize e acompanhe diretamente esse processo de
transição. Gostaria também de ressaltar que a posição de apoio da Bancada do PT
a esse Projeto também diz respeito a isso que o Ver. José Valdir colocou na sua
intervenção, que é também de nós reconhecermos as instâncias e legitimarmos as
instâncias do movimento sindical. Portanto, no nosso entendimento, a assembléia
realizada há alguns dias, que aprovou essa proposta, não nos coloca outra
postura senão a de acatar essa decisão reconhecendo nela um foro legítimo e
democrático e que leva hoje essa posição da categoria que eu reconheço como
sendo justa e correta. Gostaria de chamar atenção a dois aspectos: primeiro, o
fato de estar visível, no meu entendimento, o compromisso político da
Administração Popular assumida pelo Prefeito Olívio Dutra várias vezes com esse
índice; em segundo lugar, o compromisso, por outro lado, de condicionar o
pagamento desse índice e a viabilização de se reconhecer, de se pagar e de se garantir
o salário justo ao funcionalismo na medida em que também se consiga equacionar
as diversas exigências que a receita e que o Município de Porto Alegre hoje nos
impõe. Portanto, a equação, ou seja, a relação funcionalismo ou despesas de
salários e de direitos de funcionalismo com a receita do Município de Porto
Alegre é, para nós, uma questão preocupante e não nos caberia assumir outra
postura. Caso contrário, estaríamos incidindo e assumindo a mesma posição que
assumiu o Governador Pedro Simon, quando da questão da greve do funcionalismo
público estadual, há meses atrás, quando abriu um processo de discussão
jurídica, não reconheceu, não legitimou o direito dos funcionários públicos
estaduais naquele momento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a 2ª Sessão de Pauta,
comunicamos ao Plenário que indicamos o Ver. Wilton Araújo para dar o Parecer
ao Projeto do Executivo e que estamos dando um prazo ao Vereador de 45 min.,
claro que na medida do possível. Então, dentro de 45 minutos estaremos numa
convocação Extraordinária para votação do Projeto. Mas antes da votação do
Projeto, lógico, que vai haver a discussão entre as Comissões, no Plenário e,
logo a seguir, a votação.
Estão
encerrados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 16h34min.)
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